Diário de Processo #3 - Maio/2024
Zines e Ecobags, enfim.
fotos: Priscila de Sales
colaboração: Daniel Amaral
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Diário de Processo #2 - Abril/2024
Preparação para o 1º Encontro Regional Sul do Mulherio Das Letras em Florianópolis - 27 e 28 de Abril de 2024

Me propus a levar este trabalho e também a exposição "Eu Quase Não Mostrei Estas Fotos Para Ninguém" no Encontro do Mulherio das Letras SC, que aconteceu na Casa das Máquinas, durante as tardes do último final de semana de abril. Lá fui eu com minhas zines, ecobags e fotografias impressas para expor (este processo você acompanha aqui).
De primeira, escolhi montar digitalmente as zines do projeto e imprimir prontas, faltando somente as dobras e cortes para finalização. Fui ingênua - mal sabia o tamanho do desafio a enfrentar com o alinhamento dos astros imagens digitais, impressora, dobras. O aprendizado ao final foi enorme, e o resultado também ficou bom. Depois de testar gramaturas e tipos de papel, escolhi o offset 90g. Numa próxima, faria em 120g - depois de um tempo de manejo percebi que gostaria dele mais firme.
A novidade foi a produção das ecobags. Até então, esse desdobramento morava no mundo das ideias e concretizá-lo foi como acrescentar uma nova camada de reflexão à proposta. O caminho foi uma aventura e em alguns momentos pareceu um labirinto. Transformar imagens fotográficas em desenhos vetorizados, com a intenção de distanciá-las da obviedade do discurso oferecida pela foto feita, para convidar o espectador à dúvida: "O que é isso?". Ou, o que dizem estas imagens?
Enfim, o resultado. Zines suadas, mas prontas. Mãos firmes e ritmo pra etapa de dobras foi essencial. As impressões das ecobags foram feitas em serigrafia, sob algodão cru, em um ateliê de serigrafia. Quase que essas sacolas não saem a tempo, ufa! Fui com a felicidade de quem fez o que pode, para um evento cheio de gente interessante. 
Ah, e tive ajuda, óh! Daniel, meu companheiro de sempre, me ajudou a dobrar e cortar, entre tantas outras tarefas de retaguarda. Cris, minha irmã, ficou de babá pra eu poder ir montar tudo. Gui, meu colega da pós, a desvendar os mistérios da sangria das impressões e se eu começar a traçar o caminho de volta vou agradecendo a todo mundo que cruzou comigo naqueles dias, e teve paciência com o meu hiperfoco kkkk
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Diário de Processo #1 - Fevereiro/2024

"O Mar manda de volta coisas pequenas.
Quando se vai à praia,
É preciso olhar mais de perto".​​​​​​​
Parte da série "O Mar Manda de Volta Coisas Pequenas"(2023 - )
Ir à praia pode ser uma experiência bastante provocadora se você se debruçar sobre as linhas de pequenos materiais orgânicos e aparentemente inofensivos que se forma na areia com o recuo das marés. Quando comecei a me ajoelhar é que pude ver a quantidade de pequenos restos de plástico e outros materiais indesejados perfeitamente repousados na areia, ou então torcidos e embolados junto a seus parceiros de viagem, os realmente orgânicos, já em estágios avançados de decomposição.
Intrigada, passei a colecioná-los, afinal, deparar-se tão de perto com um pequeno objeto tão ofensivamente posicionado na areia e não retirá-lo dali seria a mim ainda mais indigesto. Além disto, como já não podia evitar a ironia da composição, decidi também fotografá-los, exatamente como os encontrava, repousados na areia. A crítica de Susan Sontag ao ato de fotografar como um ato essencialmente de não intervenção, engrossa o caldo que aqui vai se formando, uma vez que a par daquilo que faço ou deixo de fazer com o assunto fotografado na praia, nas imagens se vê os objetos em perfeito estado de repouso, assim como se exibem a qualquer um que passe por eles.
"Tirar uma foto é ter um interesse pelas coisas como elas sã0, pela permanência do status quo (pelo menos enquanto for necessário para tirar uma "boa" foto). É estar em cumplicidade com o que quer que torne o tema interessante e digno de se fotografar [...]" (SONTAG, S., 1977).
Olhar para estas imagens é portanto tornar-se cúmplice destes objetos em seu status quo? 
O ensaio fotográfico foi orientado pelo Prof. Dr. Lourenço Cardoso, na disciplina de Antropologia Visual, durante o programa da pós-graduação em Fotografia como Suporte para a Imaginação (Espaço F/508 de Cultura), ao final de 2023, e também experimentado em formato de Zine na disciplina de Fotografia como Suporte para a Arte Contemporânea, orientada pela Prof. Dra. Fabiola Notari, com 11 fotografias impressas e coladas sobre papel.
Como desdobramento, a proposta também se desenhou para a exposição em sacolas de tecido comercializáveis, consolidando a provocação das cadeias produtivas de uso e descarte de materiais.
"É preciso olhar mais de perto" (2023) é um projeto em andamento.
REFERÊNCIAS
SONTAG. S., (1977). Sobre Fotografia, Companhia das Letras, SP,  [2004].
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